Último suspiro…
E foi então que, cansado de caminhar por 47 dias, resolvi repousar em uma árvore. Minhas pernas eu já não sentia, há muito já trocava de pele, minha barba já estava longa, e ela ainda continuava longe. Fazia dias que não sabia o que era comer, ou beber, ou mesmo dormir. Pois havia prometido à ela, que sempre iria buscá-la, onde ela estivesse, nunca iria parar de procurá-la, que mesmo que a terra à levasse, eu partiria em busca de sua alma. Havia parado para repousar, pois minha tristeza já era tanta que as lágrimas não me deixavam mais enxergar. E foi entre essas lágrimas, que a vi, com seus cabelos lisos, à cintura, soltos sob ação do vento, negros como aquela noite que adentrava meu coração, e finalmente fitei seus olhos, que estavam como os da última vez que os havia visto, me passando toda sua calma, toda sua gentileza, e todo o seu carinho. Ela então se aproximou, e estendeu sua mão, eu a segurei com minhas últimas forças, saberia que finalmente poderia acompanhá-la, e que dessa vez realmente seria para a eternidade, e que depois de tanto procurar, de tanto sofrimento, poderia, e o melhor, ao lado dela, descansar em paz.
Publicado originalmente em dezembro de 2008 sob pseudônimo Samuel West