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Espelho

Você me deu suas lágrimas.
Eu te dei meus pensamentos.
Talvez eu devesse deixar de derramá-las.
Mas só poderia, se você não possuísse mais os pensamentos.
Pois mesmo sendo teus, eles ainda são meus, e eu ainda posso sentí-los.
Posso trazer-te a vida, antes mesmo que haja tua morte.
Posso trazer-te o sonho, antes que ele se esvaia em pesadelos.
Posso trazer-te a mim, mesmo que eu não consiga atravessar o espelho.

 

Publicado originalmente em junho de 2009 sob pseudônimo Samuel West

Fragmentos

As trevas me corromperam mais uma vez, não podia ficar ali deitado. Embora eu saiba que não exista nada melhor que a sensação possuída logo depois que você comete um assassinato. Ainda mais quando se refere ao assassinato de sua ex-mulher. É, ela não gritou. Ela sempre soube que eu não gosto de gritos, embora algumas vezes, isso me faz lembrar o quanto tudo é perigoso. O silêncio me traz a calma para fazer meu serviço, sempre me aproveito delas antes, sempre. E em alguns casos especiais, depois também como foi este caso. Ela foi perfeita, antes, durante e depois. Sentir sua pele gélida próxima a mim, o corpo sem vida, ensanguentado. Mas ainda podia ver seus olhos, e eles ainda olhavam para mim. Lindos olhos, verdes, que combinaram ainda mais com seu rosto, depois de morta. Se eu pudesse voltar pra algum momento da minha vida, qualquer um que fosse, escolheria esse momento. Desde o seu corpo perfeito se contorcendo de prazer, até o seu estremecer, pouco antes de sua morte. Se eu pudesse repetir esse momento, com essa mesma pessoa, teria o prazer eterno. Pois você só pode ter a certeza que uma sensação é boa o suficiente, quando você pode experimentá-la de novo…

Publicado originalmente em junho de 2009 sob pseudônimo Samuel West

Nuvens…

Então, cansado de minha ignorância
Parti
Rumei para um lugar desconhecido
Onde minhas mãos se ataram as suas
Onde meus olhos, que ainda podiam enxergar
Viram de longe as nuvens
Nuvens essas que traziam tua calma
traziam teu suspiro
Traziam teu sossego
E essas nuvens tiraram de mim o aperto
Aperto trazido de muito tempo
Quando havia perdido minha vida
Mas as nuvens a trouxeram de volta
E juntamente, trouxeram a ti.

 

Publicado originalmente em abril de 2009 sob pseudônimo Samuel West

Insano?

Corpos…
Vários deles espalhados aos meus pés…
A terra banhada em sangue
Olhos revirados em cabeças decepadas…
Insana mente
Pode parecer horrível… mas tudo isso me excita
Até me faz crer em um mundo melhor
Em uma vida melhor
e até em uma morte mais digna
Incontáveis corpos
Lutei uma guerra sozinho, onde meus inimigos não tinham defesa, e não tinham armas…
E eu tinha apenas ódio
Ódio por algo desconhecido
E o desconhecido só me dizia algo
“Matar”
E percebi aos poucos que isso era realmente necessário, só assim eu poderia viver… sobreviver…
E trazer um pouco de paz para minha mente, insana mente, que a única coisa que me trás à lembrança, é o cheiro da morte, o doce cheiro da morte…

Publicado originalmente em janeiro de 2009 sob pseudônimo Samuel West

Último suspiro…

E foi então que, cansado de caminhar por 47 dias, resolvi repousar em uma árvore. Minhas pernas eu já não sentia, há muito já trocava de pele, minha barba já estava longa, e ela ainda continuava longe. Fazia dias que não sabia o que era comer, ou beber, ou mesmo dormir. Pois havia prometido à ela, que sempre iria buscá-la, onde ela estivesse, nunca iria parar de procurá-la, que mesmo que a terra à levasse, eu partiria em busca de sua alma. Havia parado para repousar, pois minha tristeza já era tanta que as lágrimas não me deixavam mais enxergar. E foi entre essas lágrimas, que a vi, com seus cabelos lisos, à cintura, soltos sob ação do vento, negros como aquela noite que adentrava meu coração, e finalmente fitei seus olhos, que estavam como os da última vez que os havia visto, me passando toda sua calma, toda sua gentileza, e todo o seu carinho. Ela então se aproximou, e estendeu sua mão, eu a segurei com minhas últimas forças, saberia que finalmente poderia acompanhá-la, e que dessa vez realmente seria para a eternidade, e que depois de tanto procurar, de tanto sofrimento, poderia, e o melhor, ao lado dela, descansar em paz.

 

Publicado originalmente em dezembro de 2008 sob pseudônimo Samuel West

Páginas…

Olhe para aquelas páginas…
Elas se perderam com o tempo
Páginas que nem o fogo conseguiu destruir
Páginas que nem o vento conseguiu levar
Páginas que continham palavras
Páginas que continham sentimentos
Páginas que jaziam guardadas
Expressando cada momento…
Mas o tempo às fez sumir
E das páginas, antes indestrutíveis
Nada mais se pode ouvir…

 

Publicado originalmente em novembro de 2008 sob pseudônimo Samuel West

Quem sou?

“Sou um paradoxo redundante
Sou tudo
Sou nada
Sou um livro e suas erratas

Sou um ser andante
talvez gritante
e mesmo errante
Sigo com meus pés alados

E entre todas as matérias
Sou a mais solúvel
E em momentos extremos
A menos solúvel

Sou um sólido líquido
Que se despeja em gás
Transformo em ouro o que toco
E em podridão o que deixei para trás

Sou uma parte
Sou o todo
Sou o diamante
Sou o lodo”

 

Publicado originalmente em junho de 2008 sob pseudônimo Samuel West

Sentidos Aguçados…

“Talvez a derrota de uma alma é quando ela perde seu espírito, e então as sombras tomam de conta e o poder exercido por sua fraca mente pode ser então transformado em lágrimas. Para que versos enfim ditados em nobres extenções possam se ploriferar em doces desilusões. E então toda a vida que se esvaiu de uma alma se transforme em Morte. ”

23:37

20 de fevereiro de 2008

“Fora de órbita, talvez apenas mais uma alma sem sentido, pois todos os contrários de uma vida apontam à morte, e cérebros por fim deferidos em versos signifiquem asas, de uma pobre imaginação humana. Onde talvez se possa conseguir toda riqueza mental, e espíritos que rondam sua mente possam então comparar seus mais puros extintos de sobrevivência e talvez um dia as armas de um coração letal se transformem em navalhas que possam, então, cortar as amarras que prendem sua alma à vida, para que se possa escair e chegar ao seu destino, onde todos os seus pecados serão ouvidos e todo o sacrifício será considerado em vão. Numa nobre mente, rica e pobre, sadia e doente, para que possa enxergar a morte.”

20 de fevereiro de 2008

 

Publicado originalmente em junho de 2008 sob pseudônimo Samuel West