Escárnio
Você já teve vontade de matar? Não falo daquela vontade de que um personagem de novela, de um livro, de um filme morra… Falo da vontade de realmente matar, de sentir a sensação de matar. Poder ver o sofrimento do futuro defunto, seu desespero, vê-lo suplicando por sua vida, e ao mesmo tempo, orando para que não demore sua morte. De que vale a morte se não há sofrimento? A morte é apenas um reflexo da vida. Se sofremos por toda nossa vida, por que não sofrer um pouco mais na hora de nossa morte? Apenas mais um inútil cérebro deitado no chão do meu porão, há horas ele suplica por sua vida, porém ele não pode falar, o faz apenas com os olhos, posso ver seu desespero, sua angústia. O que ele estaria deixando para trás? Mulher? Filhos, talvez. Pouco importa. Talvez eu esteja acelerando seu ciclo, talvez eu esteja fazendo a coisa certa, na hora certa. Que droga, por que cortei a língua desse maldito? Ele bem que poderian me dizer alguma coisa. Só ouço suas tentativas falhas de falar, além do mais, essa mordaça deve atrapalhar um pouco. Talvez ele queira gritar, voou dar-lhe essa oportunidade. Tiro sua mordaça. Ele berra, urra, tenta falar algo. Gritar talvez, um grito de socorro? Piada. Começo a rir, e cada vez mais tenho a certeza de como os humanos são tolos. Seus olhos estão cheio de lágrimas. Isso bastardo. Chore! Clame por sua vida, bem que eu gostaria de saber o que você queria me dizer. Porém, não sou tão curioso assim à ponto de deixar escapar uma oportunidade de sentir prazer. Uma facada no pescoço é um modo fácil e rápido de matar alguém, ver o sangue escorrendo é a melhor parte, mas que droga! Vou ter que limpar o piso novamente. Seja feita a vontade do homem, nascemos e crescemos, mas todos terminamos da mesma maneira, amaldiçoados, ou quem sabe abençoados, com a Morte.
Publicado originalmente em janeiro de 2008 sob pseudônimo Samuel West